Estou preocupado com o caminho que está tomando o jornalismo em Ji-Paraná. Não podemos generalizar, porém, há uma quantidade enorme de profissionais meia boca que não sabe usar o seu instrumento de trabalho, o microfone.
Há três semanas cobrei da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na rádio e TV, o porque as blitzes que fazem só ocorrem durante o horário comercial. Perguntei: Porque não realizar às sextas-feiras, sábados e domingos de madrugada para inibir àqueles/as que saem bêbadas das casas de shows e “boteco”.
Às 18 horas está pelas vias o cidadão trabalhador que está saindo do serviço indo para casa. Para ele, blitz. Agora à noite quando os bêbados estão saindo de suas farras nenhum sinal das blitzes. Vida boa para os bêbados de madrugada que se envolvem em acidentes e envolvem outras pessoas que quase sempre, não tem nada a ver com o episódio.
Foi essa cobrança que fiz. Não imaginava que seria tão retalhado como fui. Não sabia que é um terreno intocável. A Polícia não pode ser criticada?
O resultado foi o seguinte: Nossa equipe de reportagem não foi atendida por um inspetor da PRF. E mais ainda, recebi a informação de que eu poderia ser abordado em uma blitz, já que eu queria blitz, sem piedade e que claro algum problema eu poderia ter.
Achei que a retaliação fosse vir só por parte da Polícia. Porque diz o ditado: “Para cada ação uma reação”. A maneira que reagiram não é legal. Mas o que mais me surpreendeu foi a pressão que vários colegas de imprensa (não posso aqui chamar jornalistas, porque alguns são seguradores de microfone) me fizeram. Vou narrar algumas expressões que ouvi:
- “Lubiana, porra, nós vamos ficar sem matéria. A Polícia é foda, vão nos boicotar. E aí bicho como fica a gente?”.
Deixa eu responder isso. Saia da zona de conforto. Seja repórter, seja criativo, jornalista que depende de uma só fonte está ferrado e suas matérias faltam dados e vai ficar comprometida. Polícia não são regras do jornalismo. Pelo menos não deveria, isso é vergonhoso quando acontece.
Outra expressão.
- “Lubiana toma cuidado. Isso é perigoso. Você não sabe onde está mexendo. Vai com calma”.
Vamos aos fatos: Eu só fiz uma crítica. Exercício garantido pela Constituição. É claro que sei com que estou mexendo: Com a Polícia. Funcionários do povo. Servidores da população. Pessoas que tem o ofício de proteger o cidadão de bem. Penso, às vezes tenho dúvida, mas é com essas pessoas que acho que estou mexendo. Será que não?
Lamento que parte dos nossos jornalistas fique puxando o saco da Polícia e falha no compromisso com a notícia imparcial. A maior audiência no Brasil em programa policial é o Brasil Urgente, do JORNALISTA José Luiz Datena. O programa exibe matérias policiais. Lá na matéria primeiro fala a vitima, o acusado (se quiser), a Polícia se necessário. O delegado dando outras informações mais apuradas.
Aqui o repórter entra com a notícia. Com a história que ele viu. Geralmente o PM entra falando tudo de novo (numa qualidade incrível!), depois vítima repete novamente. A única coisa diferente é o acusado que geralmente é humilhado pela imprensa, (ultrapassando os limites, geralmente com os bêbados e drogados) e nega tudo. Fica uma grande reportagem!
Mais é bom, eles estão unidos um avisa o outro quando tem uma prisão ou coisa que o valha. Todos juntos e o telespectador vê a mesma coisa em todos os canais. A EXCLUSIVIDADE perseguida pelos verdadeiros jornalistas aqui é jogada no lixo.
Enfim, este é o meu desabafo. Vamos fazer jornalismo de verdade gente!